terça-feira, 30 de outubro de 2007

Capítulo 4:: Um dia antes

Pois é, o dia chegou...
O quê? O dia antes da viagem? Não é disso que estou falando.
O dia em que a Brasília do meu tio quebrou na minha mão.

"Retrospectiva"
Meu tio tem uma Brasília. Ano 1980. Branca. Super cuidada e amada por ele. Um carro que vale uns 20 mil pelas contas dele, mas a conta do mercado é bem mais modesta: 3 mil. As meninas acham bacana eu dirigí-la. Os meninos acham o máximo se ter uma Brasília nos dias de hoje. Eles são doidos para guiá-la. É cool! Mas se fosse para trabalhar todos os dias com ela, acho que eles não iam achar "tão cool" assim.

Bom, mas eu gosto dela. E ela é muito prestativa quando eu preciso. E eu sabia que, mais cedo ou mais tarde ela poderia me dar "um probleminha" no caminho. E ela deu. Apenas foi no dia errado: o dia antes da viagem.

No sábado, eu só precisava ir: na aula de inglês, na Maiume, na depilação, no shopping comprar uma bolsa, na Vanessa. Precisava também arrumar a minha mala, dar um beijo no meu namorado, tomar um banho relaxante, dormir a noite dos deuses, ajeitar as últimas coisas antes de largar tudo por um mês. Só isso!

Mas aí ela quebrou. No prédio da Maiume. E aí foi a maior novela:
- dois santos que trabalham por lá empurraram a caranga até a vaga do carro da Mai que ficava longe de onde ela mesma tinha morrido
- ligação para o meu tio para saber se ele por alguma acaso poderia me ajudar
- chamado do Mario
- tiveram até as esfihas da Dona Marilu - e digo que isso foi a única parte boa disso tudo
- chamado do guincho

Depois de 3 horas, já meia-noite, chega um sujeito maltrapilha e de dar medo. E até aqui eu aguentando firme tudo isso. O sujeito amarrou o carro no guincho. Puxou. Subiu. Fez barulho. Mas na hora que ele quase enroscou o teto da Brasa numas vigas da garagem da Mai eu chorei. Muito. Perguntava porque aquela merda toda estava acontecendo comigo. Pobre da Mai. E do Mario também. Mas eu já estava tendo um ataque de nervos.

Mas no final deu tudo certo: o cara do guincho não amassou o teto do carro, eu cheguei em casa sã e salva, ainda assim fui até à casa da Van, minha mala ficou pronta. E tudo foi.

Esqueci completamente o meu dia anterior na fila da Polícia Federal. Amém.

"uma imagem apenas para não esquecer do nosso assunto principal aqui"

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Capítulo 3:: dois imãos

Então, aqui segue a história dos filhos da dona Helena.
Eles carregam nomes pra lá de gregos.
> Constantino - muito popular por lá. Quando ele ficar velhinho, será chamado de Seu Costa
> Alexsandra - é muito gostoso ouvir os gregos pronunciar o meu nome. Eles tem um sotaque...

O plano da viagem vem todo deles. Um corre com a estratégia, o outro com o opertacional. Tudo para dar certo, ajeitado, contratado. Primeiro visitaremos a terrinha delas, depois partimos para as ilhas (e nada de cruzeiros), três dias em cada uma delas, vamos para a capital, ao Peloponeso. Aproveitamos e passamos pela itália, ok?

Bom, começou assim. Ao final, não aguentava mais planejar, planejar e planejar. Queria logo embarcar, mas minha educação não permite: tudo tem que ser bem pensado, as tarefas todas executadas, os pagamentos previstos, os itens comprados. Características do Marcelo, que agira são minhas também.

Partimos. E foi ótimo, como não podia deixar de ser. O Marcelo é ótimo. É um irmãozão. Companheirão mesmo. Talvez seja por isso que eu tenha ciúmes deles (e as minhas amigas me enchem o saco por conta disso). E eu tenho mesmo. Assumo e conto para quem quiser ouvir, inclusive para a namorada dele. Ela acha engraçado, mas não deveria (deixa ela ler isso aqui - hahaha).

A gente junto fala muita bobeira. Se diverte à beça. Comentamos tudo, dividimos pontos de vista. Choramos de rir com as coisas engraçadas da viagem, como por exemplo quando o transfer foi nos buscar de um hotel para irmos ao outro, em Thessaloniki. Era nossa primeira cidade e a bagagem da mulherada já não cabia mais no porta-mala. Aí elas foram penduradas no carro, que atravessou a cidade daquele jeito. Eu fiz xixi nas calças. Pena que esta foto ainda não está revelada. Bom, e outras histórias diversas que serão apresentadas no decorrer do blog.

Outra coisa que ele fez muito foi tirar umas fotos minhas despretenciosas. E só as descobri quando ele me deu as imagens dele. Nem preciso dizer que adorei. Todas com uma leitura poética da viagem, de mim, da vida.

Além de tudo isso, no decorrer da viagem, descobrimos 2 ótimas oportunidades de negócios.
- A primeira é abrir uma agência de viagens para a 3ª idade. No mercado existe muito isso, mas só nós dois conhecemos a fundo este negócio: vontades de crianças x pique de velhinho. Isto é um equilíbrio que poucos saber lidar.
- A outra oportunidade é escrever um guia de viagens. O mercado está repleto deste produto também, mas somente o nosso guia contará detalhes jamais visto no mundo das excursões turísticas. Por exemplo: em Santorini muito se fala nos 587 degraus que levam os turistas do porto ao topo da ilha, montados em burricos. Mas o que eles esquecem de mencionar é o cheiro quase insuportável de xixi e cocô de burro que aquele lugar é impregnado. Os burricos não tem dó: os turistas em cima deles e eles cagam sem pestanear. Outro exemplo: uma grande erupção vulcânica atingiu esta mesma ilha, Santorini, no século 17 a.C. e varreu Akrotiri do mapa, soterrando esta cidade com lava. Em 1960 começaram as escavações que deixarama cidade, intacta, à mostra. A única coisa que eles não mencionam é que no ano de 2007 Akrotiri estará fechada ao acesso ao público, por conta de mais escavações, sei lá.

São informações básicas e simples que podem transformar a vida de um viajante.
Vamos pensar bastante no assunto.

Por enquanto é isso.
Por ora, seguem algumas imagens nossas do decorrer da viagem.









Com a gente nesta viagem também estava alguém muito importante em nossas vidas. Nosso outro irmão, Cristian. Esse nome também é de lá, pois existem muitos Christos (como o meu tio, irmão da minha mãe). Nós aproveitamos a viagem em um plano, ele em outro. Num que eu ainda não entendo muito bem como funciona, mas aceito.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Capítulo 2:: três senhoras gregas

Codylenia, Eugenie e Anastasia. Mais conhecidas como dona Helena, tia Ivani e tia Taçula.
Esses são os três elementos centrais de tudo. É com elas que a história vai ter o encantamento.

Olha, rolou de tudo na pré-viagem. Indagações de tirar a paciência de qualquer um.
"O tamanho da mala que comprar. Quanto de euro levar, e onde guardá-lo durante a viagem. Que roupas colocar na bagagem. 30 calcinhas? Será que eles apreenderão os 25 tipos de remédios que estamos levando? Blusa de frio? Será que conseguiremos entender o que os gregos falam? (nessa aqui eu achei meio absurdo - se elas não entenderem os gregos, quem entenderá?). A nossa terrinha... O mar azul... As velharias dos sítios arqueológicos... A comida. Os presentinhos. O liváni. O carvãozinho. O halvá. Ouzo. Salada grega. Mas vai dar tempo? Mas vai tá sol? Mas e se eu não aguentar andar durante os nossos passeios?"

Mas na hora do embarque, tudo passou. E elas se divertiram à beça. Como crianças.
Aliás, aqui tivemos os papéis invertidos: aqui elas eram as filhas.

Verdadeiras crianças soltas para brincar à vontade.
E pode acreditar que elas brincaram.



segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Capítulo 1:: o plano

Tudo começou há 55 anos atrás, quando o meu papous (avô) deixou pra trás a pobreza que a 2ª Guerra Mundial tinha espalhado pela Grécia. Decidiu que tinha que mudar dali (ele não tinha muita paciência para as coisas). Foi buscar o que era o mundo e viu que tinha 3 alternativas. Que tipo de alternativas? 3 diferentes destinos que os navios dispunham naquele momento da decisão. Canadá, Austrália e Brasil. E adivinhem o que ele escolheu? E sabem qual foi a razão da escolha? O navio para o Brasil sairia primeiro... (Sem comentários aqui por enquanto...) Depois de ter vindo pra cá, sozinho, e buscado o melhor durante um ano, ele mandou trazer a sua família: sua mulher (minha iaiá) e seus filhos. É aqui que começa a minha história. Minha mãe nesta época tinha apenas 9 anos. E muito se passou durante estes 54 anos no Brasil. Histórias que encheriam este blog (que numa outra oportunidade colocarei aqui). E dentre muitas, tinha uma especial: o desejo de se voltar à terra natal.

Minha viagem foi planejada durante 54 anos. Não dá pra acreditar! Só estando na pele desta família para entender porque isso tardou tanto. Mas agora não importa mais. O que importa é que uma das netas do Seu Guérlovas (também conhecido por Seu Barba Costas) decidiu resolver esta questão. Em 2005 iniciamos os planos, mas eles tiveram que esperar o passaporte da minha mãe ser renovado - e isto durou quase 2 anos.

Em fevereiro de 2007 ele saiu. Fiquei doida. Gritava para todos os cantos que finalmente nós iríamos pra Grécia. Minha mãe e minhas tias iriam retornar ao lugar que nasceram. Eu iria conhecer a minha origem - e me encontrar na essência. Meu irmão, voltar e vivenciar o que estar na Grécias com as gregas. De fevereiro à setembro, não se deixou passar um dia sequer sem que nos preocupássemos em planejar, calcular, pensar e sonhar sobre a nossa viagem.

Visitar. Experimentar. Cheirar. Olhar. Andar. Viajar. Descansar. Fotografar. Aplaudir. Sonhar. Chorar. Lembrar. Encontrar. Reencontrar. Contar. Cantar. Sentir. Comer. Brigar. Encabular. Falar. Conhecer. Saber. Todos estes verbos nos acompanharam em tempo integral.

Dispomos de vários guias de viagem: 3 senhoras gregas, Marcelo-meu irmão, o instinto grego, e guias propriamente ditos presenteados por amigas queridas.

Haja fôlego para tudo que nos espera.

Capa da revista Viagem, captada por mim mesma. Em Mikonos: a ilha das casinhas brancas, coloridas pelas flores que ficam na entrada, e do mar azul.

Uma das tardes num passeio despretencioso. A única coisa aqui era sentir.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

A viagem da minha história:: índice

1. O plano
2. Três senhoras gregas
3. Dois irmãos
4. Um dia antes
5. O roteiro
6. Thessaloniki
7. Mikonos
8. Santorini
9. Creta
10. Rhodes
11. Athenas
12. Detalhes sobre a vida grega
13. Milão e Roma
14. O que dá vontade italiana
15. A volta
16. Capítulos adicionais


" pôr-do-sol em Mikonos"

A História

Então... Acho que chegou o momento de contar uma história. Não qualquer história, mas a minha. Ou melhor, a origem do que é a minha história. Muito são os pedidos, pois as meninas estão e-n-l-o-u-q-u-e-c-i-d-a-s para saber da narrativa. Cuidados nos detalhes para se pensar na composição: o formato, o jeito de contar, as fotos, os detalhes... Espero não esquecer de nada. E não desapontar. Vamos lá.